Bolsonaristas acomodados por Tarcísio de Freitas (Republicanos – foto ilustração) em gabinetes no Palácio dos Bandeirantes interditavam, até algumas semanas atrás, qualquer conversa sobre a eleição de 2026 que não passasse pelo fim da inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL).
Agora, nos bastidores, eles admitem a possibilidade de candidatura do governador à Presidência, com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice.
Para auxiliares do governador ouvidos pela Folha de S.Paulo, a postura desses aliados é o termômetro mais claro do avanço no trabalho de convencimento de Bolsonaro para apoiar Tarcísio na eleição -embora o grupo avalie que a disputa não esteja encerrada e que um movimento mais brusco pode colocar tudo a perder.
Tarcísio não admite ser pré-candidato ao Palácio do Planalto e afirma que tentará a reeleição em São Paulo. Contudo, há algumas semanas, ele iniciou um trabalho para diminuir a resistência do ex-presidente em indicá-lo ao cargo.
Paralelamente, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Michelle e membros do partido próximos à ex-primeira-dama têm advogado a favor do governador na conversas com Bolsonaro, segundo aliados.
Para eles, além de reiterar a fidelidade a Bolsonaro –como quando testemunhou a favor do aliado no Supremo Tribunal Federal–, Tarcísio conta com as pesquisas de intenção de voto a seu favor. Ele apareceu empatado com Lula (PT) na simulação de segundo turno no último Datafolha.
Além disso, o governador tem bom trânsito no STF, fator considerado vital para a conquista do maior objetivo de Bolsonaro no momento, obter um indulto para a condenação como líder da trama golpista –que, segundo aliados, já é considerada certa.
Por fim, Tarcísio busca se apresentar a eleitores fora de São Paulo, mirando especialmente o público evangélico.
Na semana passada, em um movimento nesse sentido, ele fez um discurso recheado de termos bíblicos durante um culto em homenagem a pastores da Assembleia de Deus, no Brás, centro da capital paulista, e postou o conteúdo em suas redes sociais.
No governo paulista, a expectativa é que Bolsonaro mantenha o suspense sobre seu movimento no cenário eleitoral ao menos até o fim do ano, a depender de uma eventual sentença que inclua prisão em regime fechado.
Com o avanço das tratativas, os partidos aliados do governador em São Paulo se movimentam para reforçar os laços públicos com Tarcísio, mirando vantagens em outra disputa: pelo governo do estado. (Folhapress)
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