O número de pessoas adultas com obesidade aumentou 286% na última década no Brasil. Segundo levantamento exclusivo feito com dados do Ministério da Saúde, o total de pacientes acompanhados na Atenção Primária à Saúde (Unidades Básicas e Postos de Saúde) cresceu de 2,1 milhões em 2014 para 8,2 milhões no ano passado. O número de adultos com sobrepeso também está em crescimento: o quantitativo saltou de 3,1 milhões pacientes acompanhados para 8,5 milhões. (Foto ilustração)
Uma pessoa é considerada obesa quando seu IMC (Índice de Massa Corporal) é maior ou igual a 30kg/m². O sobrepeso ocorre em pacientes com índice entre 25 kg/m² a 29,9 kg/m². Na faixa de peso adequado, o IMC deve variar entre 18,5 kg/m² e 24,9 kg/m². O cálculo é feito dividindo o peso da pessoa pela altura em metros, ao quadrado.
Para o presidente da ONG Obesidade Brasil, Carlos Schiavon, as mudanças no ambiente de convívio das pessoas contribuíram para o aumento da obesidade.
Diante do cenário, o Ministério da Saúde diz que promove diversas ações, especialmente na prevenção, como “repasses de incentivos financeiros; ofertas de cursos de capacitação para profissionais de saúde; estratégias para ampliação e qualificação da vigilância alimentar e nutricional para monitorar a doença no país; apoio técnico para organização da oferta de serviços; e qualificação dos profissionais nos estados e municípios para o diagnóstico e assistência às pessoas com obesidade”.
Ambiente “obesogênico”
Schiavon pontua que recentemente, “a utilização desmedida das telas, inclusive por crianças, veio agravar este cenário [de obesidade], reduzindo ainda mais as atividades físicas e prejudicando um sono saudável que também é um fator de agravo na obesidade”. Para ele, o combate à obesidade é um dos maiores desafios da saúde pública no mundo.
Um dos fatores que também contribui para a obesidade são os chamados ambientes “obesogênicos”, quando a pessoa tem fácil acesso a alimentos não recomendados, como ultraprocessados, e dificuldade de inserir atividades físicas na rotina, por exemplo.
“Temos alimentos ultraprocessados de fácil acesso com preço e valor nutricional baixos, hipercalóricos, mas agradáveis ao paladar. Precisamos ter acesso a alimentos in natura com preços acessíveis e disponíveis próximos das residências das pessoas, além de tempo para a população cozinhar a própria comida”, avalia.
Schiavon alerta que a obesidade traz riscos para a saúde física e psíquica, além de desafios sociais e preconceito. Ele lista uma série de complicações que uma pessoa obesa pode ter: diabetes tipo 2, hipertensão, alterações de colesterol e triglicérides, apneia do sono, problemas ortopédicos por sobrecarga, infertilidade e distúrbios hormonais, alguns tipos de cânceres e depressão. (Edis Henrique Peres)
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