Pesquisadores da USP alertam para o risco de introdução no Brasil do Anopheles stephensi, mosquito originário da Ásia e que já se espalhou pela África e pode se tornar um novo vetor da malária no país. Diferente do Anopheles darlingi, transmissor predominante em áreas florestais, essa espécie se reproduz facilmente em ambientes urbanos, aproveitando água parada em pneus, caixas-d’água e outros recipientes, de forma semelhante ao Aedes aegypti. (Foto ilustração)
Essa característica aumenta a ameaça de urbanização da malária, que hoje se concentra sobretudo na Amazônia. Estudo conduzido na Faculdade de Saúde Pública (FSP) e no Instituto de Estudos Avançados (IEA), ambos da USP, avalia que as condições brasileiras são similares àquelas encontradas onde o mosquito asiático já é encontrado (Future global distribution and climatic suitability of Anopheles stephensi, Scientific Reports, julho 2025).
O estudo aponta que a chegada do mosquito pode ocorrer por navios nos portos brasileiros. Os especialistas alertam que ainda não existem ações estruturadas específicas de vigilância para esse vetor no Brasil, ampliando o risco de sua entrada silenciosa.
A recomendação imediata é reforçar os cuidados já adotados contra o Aedes aegypti, como eliminar água parada, além de fortalecer campanhas de conscientização para evitar que o novo mosquito se estabeleça e provoque a expansão da malária para áreas urbanas densamente povoadas.
Uma bactéria pode ser a solução
A luta contra a dengue — e também contra a malária disseminada pelo mosquito asiático — pode ter um aliado inusitado: o próprio mosquito. Pesquisadores brasileiros, em parceria com o programa global World Mosquito Program, estão aplicando no país uma estratégia baseada na introdução da bactéria Wolbachia no Aedes aegypti. Presente naturalmente em várias espécies de insetos, mas ausente nesse vetor, a Wolbachia reduz a capacidade do mosquito de transmitir vírus causadores da dengue, zika, chikungunya e febre-amarela. Em outras palavras, o mosquito continua existindo, mas deixa de ser um inimigo tão perigoso. (Pedro Côrtes/CNN)
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