Um secretário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Pedro Alves Corrêa Neto, recebeu um pagamento de R$ 50 mil de um homem investigado na “Farra do INSS”, apontado como assessor e operador financeiro da entidade Conafer. (Foto ilustração)
O pagamento a ele foi feito por Cícero Marcelino de Souza Santos, e aparece em um Relatório de Inteligência Financeira (RIF), elaborado pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e enviado à CPMI do INSS no Congresso Nacional.
Cícero Marcelino era assessor do presidente da Conafer, Carlos Ferreira Lopes. Também atuava como sócio-administrador de um banco digital chamado Terrabank, que foi alvo de pedidos de quebra de sigilo na CPMI do INSS.
Pedro Alves Corrêa Neto é titular da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI) do Ministério. É considerado próximo da ex-ministra e ex-senadora Kátia Abreu.
“As investigações já apontam, de forma contundente, que seu presidente, Carlos Roberto Ferreira Lopes, é suspeito de utilizar os recursos bilionários desviados para alavancar seus negócios privados, entre os quais se destaca, explicitamente, o Terra Bank”, diz o requerimento apresentado pelo senador Izalci Lucas (PSDB-DF).
De acordo com dados levantados pela Polícia Federal, a Conafer recebeu cerca de R$ 484 milhões descontados dos aposentados, entre janeiro de 2019 e março de 2024. Em relatório anterior, a Controladoria-Geral da União (CGU) já havia apontado que parte desses valores foi repassada à Conafer sem a devida comprovação de autorização dos beneficiários.
Ainda segundo o Relatório de Inteligência Financeira elaborados pelo Coaf e obtido pela coluna, a Conafer movimentou cerca de R$ 6,3 milhões durante o período analisado.
O documento chama a atenção para a “fragmentação de transações em espécie” e “indícios de burla à identificação de origem e destino dos recursos”. Os analistas também notaram a ocorrência de “valores próximos ao limite para comunicação ao órgão regulador”, numa tentativa de escapar da vigilância do Coaf.
A coluna procurou Pedro Alves Corrêa Neto e o Ministério da Agricultura para comentários na tarde desta quinta-feira (02), mas não houve resposta até o momento. O espaço segue aberto. (Andre Shalders)
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