Empresa simbólica para os brasileiros e brasileiras, durante vários momentos da história do país, a Petrobras completa 72 anos nesta sexta-feira (3/10), defendendo uma transição energética justa no país e conciliando o atual foco em óleo e gás com novos negócios em energias renováveis. Há motivos para comemorações na Bahia? Segundo o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, há várias conquistas a serem comemoradas na Bahia, como a retomada das atividades de perfuração no Polo Bahia Terra, a reestatização das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafens) ou mesmo a retomada das atividades da indústria naval petroleira no Estaleiro Enseada do Paraguaçu, em Maragogipe. “No entanto, no dia em que poderíamos apagar 72 velinhas no bolo de aniversário da Petrobras, estamos em plena luta, aqui em Candeias, realizando um ato contra a possibilidade de privatização da Petrobras Biocombustíveis (PBIO) e, pasmem, do próprio Polo Bahia Terra”, destacou o sindicalista, que é conselheiro do presidente Lula. “Sempre vamos priorizar a autonomia sindical diante do governo e diante dos patrões”, frisou Bacelar. (Foto ilustração)
Segundo ele, a Petrobras nasceu a partir da luta da população brasileira, desde a campanha “O Petróleo é Nosso”, que ocorreu em 1948 e 1949 no Brasil. O objetivo da campanha era pressionar o governo brasileiro a criar uma empresa estatal para explorar e produzir petróleo no Brasil, em vez de permitir que empresas estrangeiras controlassem a exploração dos recursos petrolíferos nacionais. “Havia interesses internacionais que diziam que aqui não tinha petróleo e não havia necessidade da Petrobras. Ou seja: a Petrobras nasceu em 1953 a partir da luta do povo brasileiro, quando surgiu a categoria petroleira”, explica Bacelar.
O sindicalista conta que, ao longo dos anos, ocorreram várias tentativas de se privatizar a empresa, durante a ditadura militar entre 1964 e 1987, durante os chamados governos liberais de Fernado Collor e de Fernando Henrique e mais recentemente durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. “Fizemos a maior greve da história em 1995, uma greve de 32 dias que evitou a privatização. E há poucos anos, durante a governo Bolsonaro, fizemos uma greve vitoriosa contra a privatização da Petrobras em 2020, no governo Bolsonaro”.
Na visão do sindicalista, as informações sobre a atual gestão da Petrobras não estão chegando aos ouvidos do presidente Lula. “Ajudamos a construir o programa de governo, participamos da da transição, estamos hoje no Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável – CDESS) e no Conselho de Participação Social. Tenho certeza absoluta de que o presidente Lula é contrário a esse modelo de negócio vislumbrado pela atual gestão da Petrobras de fazer parceria com a empresa de biocombustível (oleoplan), conhecida por conta de acidentes fatais, descumprimento de legislação trabalhista e de norma de segurança”, protesta Bacelar.
Para ele, “é inadmissível que tenhamos nesse governo, que ajudamos a construir e que é contrário às privatizações, uma possibilidade de privatização às escusas da PBIO. Não estão levando em consideração a proposta da FUP de incorporação da PBIO à Petrobras, haja vista a criação da diretoria de transição energética. A PBIO é esse braço da transição energética”.
Bacelar afirma que, quando o presidente Lula criou a PBIO, a ideia era fomentar a agricultura familiar e desenvolver a transição justa possibilitando aos agricultores e agricultoras a participação nessa riqueza a partir do fornecimento das oleaginosas (mamona, dendê, pinhão, entre outras).
“Com a nova Petrobras que surgiu com o presidente Lula, a PBIO pela primeira vez na sua historia teve lucro. E agora que tá tendo lucro e voltando a envolver a agricultura familiar e catadores de material reciclável (no caso, os catadores entregam óleo de cozinha utilizado nos lares e restaurantes brasileiros), a gestão da Petrobras decide implantar um novo modelo de privatização que foi sinalizado para os funcionários da PBIO. A Petrobras é uma empresa do povo brasileiro. Não é do agronegócio, de estrangeiros ou de acionistas minoritários que tentam dar o tom da Petrobras a partir de quatro representantes minoritários em um conselho de administração composto por 11 membros”.
Com seu jaleco laranja já tradicional, simbólico da luta dos petroleiros, e usando o boné O Brasil é dos Brasileiros, Bacelar destacou também que a recente aprovação da isenção de imposto de renda para quem ganha até R$5 mil e a taxação dos super ricos só foi aprovada na Câmara Federal devido à luta do povo e dos movimentos sociais e sindicais. (Ascom/ Deyvid Bacelar)
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