O presidente do Equador, Daniel Noboa, tinha vantagem mínima sobre a rival de esquerda Luisa Gonzáles na eleição presidencial de domingo (9), em um país dividido e assolado pela violência do narcotráfico. Com 74% dos votos apurados, Noboa lidera (44,6%), seguido por González (43,91%), segundo os resultados oficiais. (Foto ilustração: Luisa Gonzáles e Daniel Noboa)
“É uma grande vitória, vencemos (…) estamos quase em um empate técnico”, diante de seus simpatizantes em Quito a advogada de esquerda, candidata apoiada pelo ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017). Na capital Quito, cercada de vulcões e situada a 2.850 metros sobre o nível do mar, os fogos de artifício e as buzinas dos veículos marcavam a apuração dos votos.
“Caso a tendência seja mantida (…) voltaremos às urnas em 13 de abril para o segundo turno”, afirmou Diana Atamaint, presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). Os equatorianos esperam que o próximo governo possa recuperar um país em crise econômica, dividido e que sofre com a guerra entre cartéis pelo controle do tráfico de cocaína.
Noboa, que aspirava a vitória no primeiro turno, não se pronunciou durante a noite de domingo. “Vim para apoiar o presidente porque queremos que nos apoie com a mudança em nosso país”, disse à AFP Myriam Medrano, uma secretária de 52 anos em um hotel da capital.
Noboa e González são a expressão de um país dividido entre o retorno da esquerda a poder e a continuidade do jovem presidente, que prega a linha dura contra o crime. “A situação do país está bastante crítica, muita insegurança, pouco trabalho, muita gente indo embora”, disse Luis Briones, um engenheiro de 56 anos.
Violência política
À sombra de um assassinato em 2023, as campanhas ocorreram sob fortes medidas de segurança e propostas focadas em coibir a violência, que em 2024 registrou uma taxa de 38 homicídios por 100 mil habitantes. As fronteiras estão fechadas até segunda-feira, enquanto cerca de 100 mil integrantes da força pública vigiam os locais de votação.
“Recebi ameaças […] Há relatórios de inteligência que dizem que há riscos, que querem atentar contra a minha vida”, disse à AFP a candidata González. O voto no Equador é obrigatório e os eleitores vão escolher um presidente e um vice-presidente entre 16 candidatos, 151 membros da assembleia e cinco parlamentares andinos.
Noboa, de 37 anos, e González, de 47, compareceram cedo às urnas em seus redutos no litoral: o presidente votou acompanhado de sua família no balneário de Olón, e a advogada o fez na localidade de Canuto. Os candidatos se enfrentaram no pleito de 2023, no qual o empresário multimilionário se tornou um dos presidentes mais jovens do mundo. Desta vez, González aspira alcançar a vitória no segundo turno e ser a primeira mulher presidente eleita na história do país. (Por Victor Oliveira)
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